O monge e a vaca no precipício
O monge e a vaca no precipício . Volto a um dos temas preferidos no blog: Parábolas do Mundo Corporativo. Um monge e seu discípulo estavam fazendo uma longa jornada para um antigo mosteiro, onde passariam um bom tempo reclusos. No caminho, passando por um local bem isolado, caiu a noite e eles precisaram pedir abrigo
Encontraram no meio do nada um sítio de aparência muito simples, onde vivia uma família bem humilde com seus três filhos raquíticos. Era visível a pobreza do local, mas a família foi muito solícita e os recebeu de bom grado, oferecendo hospedagem para passarem a noite.
O dono da casa se desculpou várias vezes, dizendo que não poderiam oferecer muito conforto: apenas um chão forrado com palha para passarem a noite e mingau de leite com farinha para jantar, dizendo que isso era o único alimento que tinham.
Para o monge e seu discípulo isso era mais do que suficiente, mas o monge ficou curioso em saber como eles sobreviviam nessa região — afinal, no caminho ele não tinha avistado nenhum sinal de plantações, nem de comércio.
O dono respondeu que todo sustento vinha de uma vaquinha que eles tinham nos fundos da casa, que fornecia leite suficiente para sua família e ainda um pouco excedente para poderem negociar com alguns comerciantes que passavam esporadicamente por lá.
– “Não são muitos e geralmente nos oferecem pouco, mas eu nunca soube negociar… Mas ainda bem que temos essa vaquinha! Não sei o que faria se não fosse por ela, tudo aqui é muito difícil… Nós não sabemos plantar e tenho certeza de que esta terra não vai nos dar nada!”
Na manhã seguinte, enquanto se preparavam para ir embora e antes da família acordar, o monge ordenou ao discípulo que levasse a vaquinha até o precipício e a atirasse de lá.
O discípulo obedeceu, mas durante todo o restante da viagem e por todo o tempo em retiro, ele se arrependeu profundamente por ter feito tal coisa com o único animal que provia para aquela pobre família. Ele não parou de pensar na vaca e na situação da família que os tinha recebido tão bem, nunca havia encontrado tamanha dificuldade em ficar em paz.
Depois de alguns anos, com o fim do retiro, eles estavam retornando e no caminho passaram por aquele mesmo sítio.
Ao chegar no local, o discípulo ficou impressionado: no lugar, um belo casarão, bem pintado e decorado despontava na paisagem, juntamente com diversas carroças e um agradável jardim. Ao redor, lindas plantações adornavam o quintal onde haviam algumas galinhas correndo enquanto três crianças fortes e cheias de energia brincavam ali perto.
Eles chamaram pelo dono da casa: era o mesmo homem de antes, porém estava mais bem nutrido, feliz e suas roupas não eram os trapos de antes. O homem os atendeu com um enorme sorriso, pois havia lembrado dos viajantes que hospedou.
Curioso, o discípulo perguntou:
– “Observei que a vaca que provia o sustento da sua família não está mais aqui. Como vocês sobrevivem agora?”
O homem respondeu:
– “Ah, ocorreu uma tragédia conosco há uns anos. Nossa vaquinha leiteira, única fonte de sustento da família, se soltou do pasto e caiu no precipício.
De início, ficamos sem chão, minha esposa e eu não enxergávamos saída… Mas não poderíamos desistir! Nos vimos obrigados a procurar outras formas de nos manter.
Descobrimos que a nossa terra era fértil e boa para legumes e frutas, aprendemos a plantar e cultivar, fomos criando gosto e aprendemos a negociar melhor esses produtos lá na cidade. Hoje temos uma vida muito melhor do que antes… Se quiserem ficar conosco esta noite, desta vez teremos camas para lhes oferecer!”
Já ouvi essa parábola diversas vezes, com algumas variações.
O que você vai fazer para se transformar e evoluir?
(Não sei quem é o autor — se alguém souber, me avisa para poder dar os créditos — mas ela faz muito sentido para esse ano que passou)
Assim como o monge, veio uma pandemia e jogou muitas vaquinhas no precipício.
Eu espero que essa nova fase possa ser um recomeço, e que esse ano que já começou seja ainda melhor para você!
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Fonte: LinkedIn de Fernando Paiva
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