Ócio criativo
Ócio criativo. A expressão criada pelo italiano Domenico de Masi é terceiro episódio do IDEIAS & DEBATES – CAPVII. Com a participação do Maurício Rosa, que optou por morar em um veleiro já há muitos anos. Um papo gostoso com a participação do Aliomar Galvão, Celso Arakaki e Guilherme Bianchi e o Maurício Rosa em sua primeira participação.
Estava prevista a minha participação mas tive um contratempo de última hora que impediu minha participação. Uma pena. Seria o contraponto quase o “Vilão” da estória. Afinal sou uma pessoa que para criar precisa ralar muito, transpirar. Vencer pela insistência. Pensando melhor talvez o episódio tenha ficado mais livre, leve e solto.
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Leia o texto básico que gerou o debate.
Como praticar ócio criativo nos dias de hoje, segundo Domenico de Masi
O que é a criatividade?
“Vivemos, agora em uma sociedade pós-industrial, o que é algo muito bonito; pois compreendemos que as emoções são importantes, mas que a razão também é importante; e tanto a razão quanto as emoções são
fundamentais. Porque são fundamentais? Porque razão mais emoção, resultam a criatividade. A criatividade é a síntese de razão e emoção.
Reavaliamos o emocional e valorizamos a racionalidade. Conseguimos entender a importância de um e do outro. A racionalidade não deve prevalecer sobre o emocional e o emocional não deve prevalecer sobre a
razão. A síntese de emotividade e racionalidade é a criatividade; a maior expressão do gênero humano.”
Todo mundo pode praticar ócio criativo?
“Após a 2ª Guerra mundial, a sociedade mudou rapidamente e passou de industrial para pós-industrial. Ou seja, nossa sociedade não era mais baseada na produção agrícola, que é importante, mas não o cerne. Não se baseava mais na produção artesanal ou na industrial; baseava-se na produção de bens imateriais. São eles: informação, serviços, símbolos, valores e estética. Os produtos de bens imateriais não dependem do trabalho operário, tanto que hoje, 30% são operários e 70% são funcionários, profissionais, gerentes e executivos que executam um trabalho intelectual. Esse tipo de trabalho pode ser conciliado com o estudo, o lazer e a diversão; pode transformar-se em ócio criativo. Assim, hoje, 70% dos trabalhadores poderiam praticar o ócio criativo. Se a organização fosse pensada e voltada ao ócio criativo.”
Qual o papel da escola na formação do ócio criativo?
“A escola é peça fundamental para a formação do ócio criativo. O objetivo da escola é preparar indivíduos adultos ao ócio criativo. Ou seja, não preparar um adulto apenas a emotividade, pois isso será primitivo; não
preparar um adulto apenas a racionalidade, pois isso seria alienante; mas sim, preparar um adulto ao ócio criativo. Assim, temos um adulto que sabe conciliar bem: o estudo, o trabalho e o lazer; que sabe conciliar bem a
emotividade com a racionalidade e que seja criativo. “
Como utilizar o ócio criativo no aprendizado?
“É muito simples, mas ao mesmo tempo é difícil, entendo. Mas na prática é bem simples, na prática é muito ples. O que significa o ócio criativo na escola? Significa misturar, continuamente, o trabalho com o estudo e o lazer. Isso pode ser feito tranquilamente. Posso dar uma aula muito entediante ou posso dar uma palestra muito alegre e divertida. Acredito que o ócio criativo imponha a necessidade de uma pedagogia feliz. A pedagogia deve enriquecer as coisas com significados. Ou seja, preciso deixar o meu aluno feliz porque ele
precisa entender o significado das coisas. Se eu entender o significado das coisas, eu as amo muito mais”
Como podemos diminuir a desigualdade?
“O mundo está aflito com essa terrível desigualdade; de trabalho, de conhecimento, de poder, de
oportunidade e de direitos. Isso cria, naturalmente, uma infelicidade em todos. Esse é o problema
que temos; o problema de eliminar a visão neoliberal de economia e substituí-la por uma socialdemocrática, uma visão que se preocupa com a solidariedade humana. O progresso não acontece se
houver competitividade, acontece se houver solidariedade.
Texto extraido de Você SA Carreiras
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